segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Entrevista: Jean 'Kei' Badji



Olá a todos e vamos dar uma variada em nossas entrevistas, além de entrevistar cosplayers, vamos entrevistar youtubers, pessoas de grandes portais de animes, criticos, dubladores, colecionadores e quem sabe até mangá-kás. E a pessoa que será entrevistado neste blog é Jean "Kei" Babji do site Quadro X Quadro um site que faz analise e criticas de animes.

Hey ho Let's go


1- Como conheceu esse universo de anime?

Conheci desde que me conheço por gente. Meu tio gostava muito de animes e durante a minha infância ele morava em casa. Então desde minhas memorias mais antigas eu tava assistindo algum anime com ele (se as minhas memorias não me traem, Fly foi meu primeiro anime)

2- Quais são seus animes favoritos?

É uma pergunta meio difícil hahah, vive variando.
Mas acho que hoje meus animes favoritos são Haibane Renmei, Katanagatari e Mawaru Penguindrum



3- Você citou Fly, quais são suas expectativas do novo anime? Lembrando que o classico terminou sem fim.

Sinceramente eu não tenho ideia do que esperar, mas é bem capaz de que eu goste pelo fator emocional, mesmo se sair um anime ruim (eu reassisti alguns episódios de Fly depois de adulto e achei bem mediano, mesmo ainda amando de coração pelas lembranças)



4- Muita gente comenta que os animes atualmente estão faltando com a criatividade. Você acha que é possivel melhorar futuramente?

Eu sei de onde vem esse tipo de pensamento mas eu não acho que está faltando criatividade nos animes de hoje. O que eu acho é que antigamente tinhamos tres fatores a nosso favor
1: A industria de anime produzia num nível menor que o formato de temporada que conhecemos hoje
2: Nós tinhamos acesso a muito menos coisas do que temos hoje, o filtro era maior.
3: Eramos mais jovens e menos exigentes com o que consumíamos.

Se for atrás de uns animes antigos que não tiveram destaque, a gente vai ver que sempre teve "tranqueira sem criatividade", mas toda época tem suas pérolas (dois dos meus animes favoritos citados vieram nessa última década)

5- Também está havendo um preconceito enorme com generos de mecha, isekai e esporte. Tem pessoas que só vê que são desse genero já ignoram e procura outro titulo que não sejam esses. Tem pessoas que acham que mecha é variante de Gundam e Evangelion, Isekai tem gente que acham que é variante de El Hazard e esporte bem... Tem gente que nem curte ver esporte nosso ainda mais um ficcional. O que você pensa sobre isso?

É uma pergunta complicadinha porque tem uma mistura de gosto pessoal com preconceito.
Eu mesmo criei uma preguiça por Isekais por ter me cansado da formula dos últimos que consumi, mas há animes e visual novels Isekais que gosto bastante.
Eu acho ok alguém deixar de ver algo por ser de um gênero que ela quase nunca consumiu e tem preguiça. Mas seria bom se todo mundo tivesse a mente um pouquinho aberta pra talvez se surpreender com alguma obra.

6- Agora vamos tocar em um assunto espinhoso, recentemente veio uma moda em alguns sites, blogs e canais do youtube em fazer problematizações em animes. Infelizmente muita gente não sabe o que é uma problematização e confunde muito com censura, pelo fato de que um anime, mangá, seríe tem conteudo que não é muito bom para uma sociedade. E as pessoas tem medo de que vão proibir algo que as pessoas consomem. (isso pq já houve um caso de problematização que a pessoa exijiu censura). O que é uma problematização de verdade?

Eu não sou um expert no assunto mas vamos lá:
Problematização é quando se identifica algo que se acreditar ser problemático numa obra.
Muita gente acha Nanatsu no Taizai problemático pelas dinâmicas de assédio do Meliodas (se eu consumi 10 episódios e 40 capitulos dessa obra foi muito, então não vou entrar em detalhes nesse exemplo)
Sobre confundir problematização com censura, é algo relativamente recorrente no Quadro x Quadro.
Escrevi na época de Goblin Slayer o porque eu achava problemática a cena de estupro do primeiro episódio, tentei deixar claro no texto que não acho que se há estupro numa obra automaticamente vira algo problemático, o que faz ser problemático ou não é a forma com que o tema é abordado. Também tentei deixar claro que se a pessoa gosta de Goblin Slayer e quer continuar assistindo ou lendo, tava super de boa, e mesmo assim não impediu de umas pessoas afirmarem que eu queria censurar Goblin Slayer de alguma forma.
O mesmo rolou quando teve uma crítica a Tate no Yuusha



7- Como você acha que vai ser a industria de anime daqui 10 ou 20 anos? Você acha que muita coisa vai mudar?

Eu imagino que muita coisa mude sim. As pessoas mudam, novas pessoas vão entrando na industria e outras vão saindo. Algumas coisas que fazem sucesso hoje podem ficar mais ofuscadas daqui a 10 anos. pode surgir um anime que crie uma nova tendencia...Cheio de possibilidades.
Eu só fico receoso que algumas vezes eu sinto que o modelo de produção de anime ta ficando um tanto insustentável em relação a quem trabalha na industria.
A gente ouve com uma certa frequência sobre problemas de funcionários que trabalham demais e recebem de menos (nem só em animes, claro) e recentemente o diretor de Hoshiai no Sora se abriu do porque o anime pareceu rushado e só teve metade da historia contada.
Talvez com o tempo aconteça aos poucos mudanças nesses modelos e daqui a 20 anos estejamos consumindo anime de uma forma diferente.

8- Você sabia que o mangá-ká Kenji Oiwa (autor de Welcome to NHK) durante a palestra no Ressaca Friends disse que tanto ele, quanto varios autores sentem incomodados com o excesso e ecchi e que deveriam dosar? Mas o motivo de inserir de forma excessiva é a estatistica de crimes sexuais no Japão é menor. O que você acha da resposta dele?

Não tava sabendo disso não. Ele disse que quanto mais sexualização na cultura pop menor o índice de crimes sexuais?
Eu realmente não manjo muito bem sobre isso. Já vi gente falando coisas parecidas mas também ouvi pessoas apontando pesquisas que dizem justamente o contrário.
O que eu sei é que cultura pop num geral tem poder de inserir coisas no imaginário popular, e isso pode vir tanto pra coisas inofensivas quanto pra coisas nocivas (tipo criar esteriótipos ruins) achei meio confusa essa colocação dele (pelo menos sem o contexto da entrevista toda).



9- Ainda falando em ecchi, atualmente anda reduzindo animes e mangás com cenas beirando ao fanservice ou ecchi aos poucos, mas estão reduzindo. O que você pensa disso? Você pensa que futuramente não haverá mais animes com cenas de ecchi ou fanservices?

Ecchi e fanservice são coisas que existem a décadas e eu duvido que algum dia desapareceriam por completo. Ainda mais que é uma das coisas mais fortes da cena doujinshi

10- Como surgiu o Quadro X Quadro?

No telegram tinham vários grupos derivados do grupo de ouvintes do podcast jogabilidade. Em um desses grupos sempre que alguém pedia recomendação de podcast brasileiro de animes a gente se via recomendando as mesmas coisas. A gente sentiu falta de mais podcasts de anime que tentem se aprofundar um pouco nas discussões e decidimos criar um. Com o tempo o Quadro x Quadro deixou de ser só um podcast e começou a ter textos também.

11- Pretende expandir o quadro x quadro para youtube e outras midias?

Eu tinha mais vontade de fazer isso antigamente, mas hoje por uma série de motivos não me sinto empolgado em mexer com edição de vídeo e colocar em outras mídias.
Mas se alguém do site pilhar a gente ta fazendo ahhaha
No final do ano passado a gente teve a ideia de desenterrar o instagram e usa-lo pra fazer umas analises rápidas de mangás brasileiros que compramos, mas essa ideia ainda não engatou de verdade

12- Ultimamente os eventos estão perdendo o foco nos mangás e animes e sendo mais focado em cultura pop em geral como quadrinho, seríes filmes, youtube e games. Consequentemente não há uma atração voltada a quem gosta de animes e que anime só tem de nome. O que acha disso?

Esse foi um dos principais fatores que me fizeram parar de frequentar eventos como Anime Friends a alguns anos.
Eu sei que, mercadologicamente falando faz mais sentido expandir mas eu sinto que pra mim, pessoalmente, as coisas estavam tão sem foco que quando chegava lá sentia que não tinha nada pra mim ali e não valia o preço.

13- Já fez ou pretende fazer cosplay?

Quando eu era criança/adolescente eu queria muito fazer cosplay, mas por ser negro e 95% dos personagens que eu gostava serem brancos eu tive vergonha e tentei fazer cosplay só de personagens que usam máscara ou se cobrem todo de armadura.
Acontece que fazer um cosplay que me agradasse com esses critérios era caro demais, então deixei de lado.
Hoje eu acho besteira e faria cosplay de qualquer personagem independente da cor de pele. Mas hoje não tenho muita disposição e ando focando em outras coisas. Mas eu tenho amigos dentro do meio e contato frequente com eles, quem sabe um dia eu não anime?

14- Tem pessoas que fazem cosplay de qualquer personagem independente da raça ou cor e tem movimentos promovendo a positividade e a inclusão na comunidade cosplay.
Isso poderia te motivar a fazer cosplay

Sim sim, eu conheço pessoas maravilhosas negras que fazem cosplays e eu acho super importante. Hoje eu não animo mais por estar com a cabeça em outros lugares.
O que reforça que esses cosplayers são super importantes pra incentivarem pessoas que estejam no pique de fazer cosplay no momento certo.

15- Pretende fazer coberturas de evento, criticas referente a eventos e o que elas podem melhorar para deixar mais agradavel no Quadro X Quadro?
Para deixar os eventos mais agradaveis

Eu não lembro se já fiz critica a eventos no Quadro x Quadro ou se foi numa conversa pessoal, mas não descarto a possibilidade.
Se tiver um evento que esteja acessível pra mim e com algo que gostaria de cobrir, iria fazer com certeza (se eu fosse rico e fluente em japonês, com certeza o Quadro x Quadro teria coberturas da Comiket no japão)

16- Quais conselhos você dá para quem for começar a fazer blogs, sites e canais de youtube com criticas e opiniões sobre animes?

Acho que as coisas mais relevantes que teria pra falar é:
1: Qualidade é melhor que quantidade. Não  faça algo que não goste ou deixe de fazer algo por causa dos outros. As vezes ter poucas pessoas legais consumindo o que você ta criando vale muito mais do que ter muitos seguidores que você não gosta.
2: Merdas acontecem, vai ter texto que não vai sair como planejado, vai ter podcast (ou vídeo dependendo do caso) atrasando e saindo de alguma forma que não te deixe satisfeito por uma série de fatores, mas uma hora sai algo legal então não desanima.

17- Possui outros sites além do Quadro X Quadro?

Eu tenho dois projetos paralelos em podcast. Um sobre videogames (Arkaico) e um sobre Jojo's Bizarre Adventure (Hamones, mas esse ta em hiato) atualmente.

18- Considerações finais

A gente terminou falando mais sobre temas em gerais do que sobre problematização no fim das contas haha.
Mas como consideração final eu queria dar mais uma tocada rápida no tema:
Eu sei que pra muita gente é só chato ver gente "problematizando tudo" (e as vezes é mesmo), mas tenta prestar atenção de onde vem essas reclamações e reflete se você acha válido ou não. Pensar mais nas coisas que a gente consome melhora a nossa forma de consumir e as vezes até nós mesmos como pessoa

Nota:
É que você já falou tudo com a pergunta que dei
Eu espero que com a entrevista já tenha exclarecimentos sobre problematizações, no caso podemos problematizar? Sim, mas censura não.

Nota do Jean: É isto. Jamais serei a favor de censura mas isso não inibe criticas.
Espero que tenham gostado do que balbuciei aqui, beijos (pode usar isso como consideração final se quiser ahuahua)

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